quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

UMA HISTORIA QUE TODOS SABEM!

O Parque Temático Terra Encantada, construído no Rio de Janeiro na segunda metade da década de 90, tornou-se um exemplo de como um belo exemplo pode ser mal sucedido em função de falhas de seu gerenciamento.

A falta de comunicação adequada com importantes STAKESHOLDERS representou um verdadeiro gatilho para a inexorável queda de um empreendimento onde se foram investida centenas de milhares de dólares.

Os parques temáticos representam um negócio emergente no Brasil entre 1995 a 1999, notadamente ate o momento da desvalorização do real, no inicio de 1999

A Adibra, Associação das Empresas de Parques de Diversão, chegou a registrar receita de mercado de R$ 250 milhões em 1995, quando o real estava na paridade. Estas receitas evoluíram para R$ 334 milhões e R$ 430 milhões em 1999 e 2000, respectivamente.

O entusiasmo com parques temáticos entre os anos de 1995 e 1997 estava centrado nos seguintes pilares: a estabilização econômica com o plano Real, a canalização de parcelas menores da renda familiar para o laser, o potencial turístico do Brasil e a entrada no mercado de uma “nova” parcela da população, com capacidade de gastar algum dinheiro com lazer.

Os planos de negócios apareceram em grande quantidade. No Brasil , em 1997, havia mais de 25 parques temáticos de porte projetados ou em construção.

A autoria desse tipo de mercado foi abalada devida, principalmente, a desvalorização do Real em 1999, que expôs algumas nuance desse tipo de empreendimento, com a alta necessidade de investimento, a complexidade da operação e de altos gastos com manutenção e marketing.

DESCRIÇÃO DO PROJETO:

Tendo como principais acionistas as empresas ESTA, e TOR e minoritariamente o Bank of América, o Terra Encantada foi o primeiro a trazer equipamentos de alto nível como a montanha russa Monte Makaya, o elevador de queda livre o cabhum as Corredeiras- Rio Selvagem por onde os passageiros descem em grandes botes- E o Show das Águas – Show diário de enceramento do parque no formato “Disney”.

Dividido em cinco áreas (Terra dos Índios, Terra Africana, Terra Européia,Terra das Crianças, e Terra Brasilis), o parque teria como cultura do Brasil e suas principais etnias.

Além de atrações de alto nível o parque ofereceria 120 lojas e restaurantes parte funcionando diariamente até madrugada.

Concebido para ser o maior e melhor parque da América Latina, o empreendimento foi construído num custo aproximado de US$ 230 milhões e eram esperados Três milhões de visitantes só no primeiro ano de operação, proveniente de todo o Brasil.

O parque teria cerca de 600 funcionários em áreas como operação, manutenção e administrativa, todos contratados e treinados especialmente para trabalhar em um parque temático. Estimava-se que mais de 1200 postos de trabalho seriam gerados nas lojas, restaurantes e fornecedores do parque.

Toda a concepção e o planejamento do parque envolveram dezenas de empresas das mais diversas áreas de atuação, incluindo renomadas empresas nacionais e internacionais, como a ITPS (International Theme Park Services) responsável pela concepção do plano de negócios do parque.

A dois adiamentos sucessivos, no dia 15 de Janeiro de 1998 o Parque Temático Terra Encantada foi finalmente inaugurado, contando com a participação de visitantes e convidados de imprensa.

O CASO

Durante o ano de 1997, uma grande expectativa se formou na cidade do Rio de Janeiro, especialmente entre os veículos de imprensa, que notificavam a todo o momento a tão esperada inauguração.

Os ingressos foram colocados a venda antecipadamente, o que aumentou a expectativa do evento, reforçada pelo grande investimento em propaganda de TV aberta.

Inicialmente, a inauguração estava prevista para o dia 12 de outubro de 1997 no Dia das Crianças. Poucos meses antes da data prevista chegou-se a conclusão que seria impossível terminar a construção dentro do prazo planejado, o que fez com que a data fosse alterada para o dia 20 de Dezembro, e finalmente para o dia 15 de janeiro de 1998.

Apesar de ser extremamente comum no setor de entretenimento o chamado Soft Opening, período de funcionamento parcial antes da inauguração oficial, utilizando para concluir pendências na construção, avaliar rotina antecipar faturamento, os acionistas optaram por inaugurar oficialmente o empreendimento na data marcada, não comunicando aos visitantes e a imprensa sobre a real situação do parque. A falta de uma comunicação efetiva com esses dois Stakeholders e a realidade do projeto.

Claramente, pelo menos dois importantes Stakeholders – VISITANTES E IMPRENSA – foram mal gerenciados durante a fase de inauguração do empreendimento, causando um grande desalinhamento entre as expectativas desses Stakeholders e a realidade do projeto.

No caso Terra Encantada, a falta de habilidade na comunicação com esses Stakeholders do projeto comprometeu a tal ponto a imagem do empreendimento que inviabilizou qualquer possibilidade de recuperação nos anos seguintes.

Por isso é fundamental, em situações como essa, identificar e gerenciar os principais Stakeholders do projeto, que podem influenciar de forma expressiva os resultados esperados, levando até belos projetos ao fracasso completo.

No dia 15 de Janeiro de 1998 o Parque Temático Terra Encantada foi inaugurado, com suas principais atrações ainda fora de operação, dezenas de lojas fechadas, instalações ainda em obra e o preço do ingresso mantido a R$ 30,00 reais, apesar de boa parte estar inacessível.

Com tantas atrações sem funcionar e o parque claramente inacabado, o Terra encantada acabou provocando uma frustração generalizada. A imprensa noticiou amplamente os problemas existentes no parque, dando destaque aos visitantes que se sentiam enganados ao pagar o valor integral por um parque visivelmente inacabado.

Um comentário:

  1. o primeiro erro do Terra...
    alguem sabe apartir de quando o parque começou a funcionar com todos os brinquedos?

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